Arquivo do mês: dezembro 2005

Festa!

Festa no Jardim da Verbeat. Jingle-bell…jingle-bell…
Vinhos e cavas espumantes nas finas taças… tin-tin!
É a festa de Amigo Secreto do condomínio! Beijos e troca de presentes. Cada um escreverá hoje um post dedicado a seu amigo. Assim, todos os visitantes do Língua de Mariposa estão convidados a tomarem uma “copa” e provarem uma iguaria pelas nossas casas.

Mais um ano que passa e cada vez fico mais encantada com o mundo da Internet. Agora, pela primeira vez, estou fazendo parte de um amigo secreto virtual. Ideia de El Rey da Verbeat, um condomínio onde as casas (blogs) abrigam os vizinhos mais variados desde as diferentes idades, estilos de vida, trabalhos, localizações geográficas, experiências de vida, etc.
Os pontos comuns entre todos são a simpatia, a graça (um do traços mais fortes do grupo é o bom humor), a disponibilidade, o bom caráter.
Estou toda satisfeita por estar em tão boa e carinhosa companhia!
Por sinal, no Top 15 de blogueiros charmosos da blogosfera, temos 5 representantes. Um em cada três dos finalistas que está bem aqui no meu jardim! E ainda considero que o Afonso, que ficou de fora desta vez, deveria entrar no próximo! E em primeiro lugar!
Situaram a festa?


Agora as convidadas de honra desta casa ( sim, eu tinha que tirar mais de uma né?) minhas amigas secretas, são as meninas do Finaliza ou Dispersa, uma república democrática e barulhenta comandada por 5 jovens e cheias de graça e picardia. São elas : chilli, malagueta, de cheiro, dedo-de-moça, e do reino.
Elas picam de verdade!
As meninas temperam suas ideias sobre encontros e desencontros, falta ou presença de sentimentos com a brejeirice e malícia da especiaria que desperta os sabores da maioria dos pratos considerados “fortes”, mas que podem, dependendo do peso da mão que sazona, destruí-lo.
Elas sabem os riscos. E demonstram que gostam de brincar com eles!
Os meninos que se cuidem! Elas são fogo na língua!
Apesar de terem bom coração e estarem em plena época de Indultos de Natal, quem pisar na bola vai diretinho para a vala.
Meu presente, de coração, para estas simpáticas frutinhas picantes e faceiras é que encontrem pela vida a fora muitos motivos para divertirem-se e serem felizes.
Um beijo e um abraço desde Madrid.
Feliz Natal, meninas!

Categorias: Mundo Virtual | Tags: , | 34 Comentários

Feliz Natal…


Época de Natal. E um mundo-de-gente quer ser melhor.
E outro mundo-de-gente diz que não vale a pena, porque durante o resto do ano o mundo que quer ser melhor agora esquece o que é ser bom, quanto mais o que é ser melhor.
Essa gente defende que é melhor ficar como sempre, para não parecer hipócrita. Aquela gente talvez precise de algum incentivo para experimentar. Vale!
Mas esse mundo-de-gente que fala em hipocrisia deveria permitir que se inventasse pelo menos mais uma data como esta por mês e assim todos seríamos bons por mais alguns dias durante o ano inteiro.
Que mais dá que seja um dia inventado?
O que importa é que ser bom, mesmo que só de vez em quando, é tão bom que pode contaminar, viciar as pessoas na vontade de serem melhores também em outras épocas do ano, não é?
Já pensou? Querer ser bom em pleno 10 de Abril! Ou 18 de Julho! Assim, só porque é bom ser bom. Só porque faz parte da nossa natureza. Sem necessidade do apoio logístico das empresas de marketing, nem das religiões, nem das luzes espalhadas pela cidade, nem dos coros infantis das praças cheias de pombas brancas e névoa…

Pero… não podendo ser sempre assim, que mal há em criar outro bom motivo para o mundo ser um pouquinho melhor, pelo menos por mais uns diazinhos por ano?
Época de Natal. E um mundo-de-gente quer ser melhor. Que seja, pelo amor de Deus!
Que importa se Jesus nasceu no verão de algum ano perto de 2000 anos atrás e não no solistício de Inverno?
Só importa que Ele existiu.
Que Ele foi um homem bom. Um indivíduo iluminado. Um ser que representa um salto na evolução da espécie humana.
Infelizmente um salto que nem todos nós conseguimos dar, mesmo 2000 anos depois.
Continuemos tentando. Certamente faremos diferença nas próximas gerações!
Por isso, meus votos de Feliz Natal para todos.
E isso, talvez, seja apenas dizer: Sejamos melhores!

Categorias: Pensando Alto | Tags: | 19 Comentários

Idades Para Viver…

Quando cumpri os 50 anos pensei em escrever sobre o que está significando para mim ter esta idade, seu efeito no meu mundo, tanto interno quanto externo. Mas não estava tão simples e fácil…

Há dias que me sinto jovem e cheia de vida, sexy até. Tenho vontade de sair e comprar uma saia nova, botas de cano alto, brilho para os lábios…
Sorrio para o espelho do quarto e agradeço a grande oportunidade que a vida está me dando de viver um amor maduro e gostoso, um casamento para breve, uma paz interior, uma alegria ao despertar de cada dia. A saúde vai bem, o que é essencial. O amor também, o que é fundamental. Nada para queixar-me.
Em outros parece que o espelho resolve brincar de bruxo mal e me mostra horrível, envelhecida, sem graça, sem brilho. É difícil até escolher uma roupa para vestir. Nenhuma cor combina com este estado de espírito. E menos ainda com este sobrepeso. Mulher extra-large não cabe em qualquer trapo!

Já sei! Já sei!

Meu olhar escapa dos olhos, desce pelas rugas que não estavam aí até ontem ( ou sim? ou não?) e passeia pelo resto de um corpo que não é mais o que eu me lembrava que tinha até o ano passado.
A menopausa avisa que está chegando com frios e calores, mudanças bruscas de humor, ansias desconhecidas. Medos novos. Ganas de chorar por nada e por tudo… que tudo?
Quem quiser que diga que não, mas cumprir 50 anos é uma passagem. Como se a gente cruzasse o umbral de uma porta sem saber para onde está indo, nem no que vai se transformar. Cada mulher entra e sai desta experiência de um jeito. Apesar das semelhanças em geral, as particularidades contam.
– Como será que vou ficar depois desta passagem?
– E os hormônios? Vou virar EX também neste sentido? Arrisco ou não a reposição hormonal tão polêmica nos meios médicos ?
Pois sim… escrever sobre o desconhecido momento que estou passando não é fácil.
Mas, um dia destes, deparei-me com um pequeno artigo na seção “Manual de Curiosos” do Magazine, suplemento semanal do El Mundo, que ajudou-me a refletir sobre minhas muitas idades. E isso me fez um bem danado. Vou dividir e explicar aqui. O assunto dá muito pano pra manga. Querem ver ?
Para começar ele diz: “Não temos uma idade, temos sete.”

A ilustração é um belo quadro de Grien, um pintor alemão do século XVI e está entre suas melhores obras, atualmente exposta em um museu de Leipzig.
O quadro foi batizado assim: “As Sete Idades da Mulher”, mas apesar da alegoria estar representada por figuras do sexo feminino, creio que podemos generalizar para toda a espécie humana, sem distinção de gênero.
Pois sim…
O que vale aqui é que sua obra serviu de ilustração para relacionar as sete idades que uma pessoa tem ao mesmo tempo.
A idade cronológica é apenas uma delas. Talvez a mais importante na hora de pedir um empréstimo ou preencher formulários médicos, diz a autora do artigo, Cristina Frutos. Mas certamente não é a mais importante para quem está vivendo. Mede apenas os anos vividos desde o dia do nascimento.
Pessoas com mais idade cronológica podem sentir-se, e realmente serem, muitíssimo mais jovens que outras com menos tempo de vida que elas. (Ou o contrário!)
A gente precisa rever os conceitos de juventude e velhice. E é isso que tenho feito ultimamente. Estou revendo meus antigos conceitos! O artigo da revista é pequenino e superficial, mas vale pelo que incita a buscar. Então eu fui dar uma lida por aí e encontrei coisas muito interessantes.
Vejam só…
Idade Aparente é aquela que nos atribuem os outros, baseados em nosso aspecto físico. Nessa eu saio perdendo, pois nem botox, nem silicone, nem cirurgias plásticas, nem nada… como diz a Ro, uma amiga de Recife, sou original de fábrica e os 50 anos vividos estão TODOS aqui. Ho ho ho!
Mas olho! Esta idade tem muito a ver com o estado geral das outras idades. É preciso cuidar DELAS TODAS!
Idade Psicológica é a idade auto percebida. É aquela em que uma pessoa se sente localizada. Está relacionada com as próprias atitudes. Corresponde à capacidade de adaptação, às reações e à auto imagem das pessoas. Reflete e experiência subjetiva que cada um tem em relação à sua idade cronológica e estágio de vida.
Uma pessoa pode sentir-se muito mais jovem do que marca realmente sua carteira de identidade. Seu comportamento, forma de vestir e falar, atitude em relação à vida, etc, serão influenciadas por esta idade “sentida”.
Neste caso, eu acho que, sem olhar muito detidamente no espelho, aliás, de olhos fechados eu tenho uns 38 ou 40 anos, por aí. Normal. A maioria das pessoas sente-se mais ou menos 10 anos mais jovem, sem riscos de parecerem idiotas. Muito pelo contrário, sentir-se mais jovem impulsiona as pessoas a viverem mais ativamente. Pena que não me sinta assim todo dia!
Idade Emocional é a que demonstramos pela qualidade das relações que temos com o próximo, pelo grau de amor ou dor que predominam em cada um a partir das experiências de vida. Isso é o que defende o filósofo Guido Mizrahi.
Entendi que esta idade se mede pela qualidade do afeto da pessoa consigo mesma e com o mundo que a cerca.

Ele exemplifica assim: ” Te conto que os bonsai são aqueles sêres que tem toda a aparência de serem grandes, mas permaneceram pequenos porque os jardineiros japoneses descobriram que, se cortavam as raízes das árvores, as árvores não cresciam nem em altura nem em tamanho, permaneciam pequenas. Nos seres humanos as raízes não são nem mais nem menos que os afetos, o que nos agarra à terra, o mais concreto que temos.” 
Essa vou deixar para comentar em outro post. Tenho uns cortes que vêm desde a época do Lorde que só pude cicatrizar depois de experimentar o amor de mãe, alguns anos de terapia, uma puta depressão e… melhor escrever sobre isso outro dia.)
A idade biológica é aquela que se corresponde com nosso estado físico e de saúde. É a idade que o organismo demonstra com base na condição biológica dos seus tecidos comparados com padrões; depende dos processos de maturação biológica e de fatores exógenos.

A idade biológica é o termômetro que mede como está o funcionamento fisiológico de nosso corpo e mente e é a mais importante a ser considerada no processo de envelhecimento.
Pode ser medida utilizando-se os conhecidos marcadores biológicos: composição corporal (relação entre o percentual de gordura do indivíduo e a quantidade de massa magra), pressão arterial, audição, visão, níveis hormonais, densidade óssea, níveis de açúcar e colesterol no sangue, qualidade da pele, imunidade e metabolismo.
Essa também pode estar bastante abaixo da idade cronológica, principalmente no mundo mais desenvolvido. Hoje em dia algumas pessoas com mais de 80 anos são capazes de correr até maratonas. Em compensação, em alguns países da África, uma mulher de 30 anos pode já ser uma anciã.
Agradeço todos os dias pela saúde que desfruto, mas sinto a minha idade no sobrepeso da menopausa e também quando o corpo não responde com a mesma flexibilidade e rapidez de antes.
Estou já matriculada na Yoga, claro! A gente não tem que se entregar, não é misifios!
Bueno… agora só faltam mais duas para completar as sete.
A idade social, que é aquela que se mede pela capacidade de contribuir ao trabalho e ao grupo, mantendo-nos inseridos e valorizados pela sociedade. Esta varia demais, como variam as sociedades pelo mundo a fora.
Em muitos países os idosos são considerados “estorvos”, desprezados e abandonados à solidão. Mas existem sociedades em que as pessoas mais velhas são consideradas mais experientes e sábias e são muito valorizadas.
Ainda estamos longe do valor que tem os anciãos no japão, mas acho que, no ocidente, as pessoas maiores de idade já estão lutando contra esta discriminação e conseguindo algumas vitórias, mantendo-se ativos e participantes na vida da família e do grupo social até o final de suas vidas.
E, para finalizar, a mais oculta e secreta, segundo o filósofo Mizrahi é a idade espiritual.
E ele diz, sabiamente, aos 38 anos cronológicos de vida: “A idade espiritual é uma gradual tomada de consciência a cerca do carater divino que há dentro de cada pessoa. É um despertar. É sair do tempo para conectar com o divino aqui e agora.
É uma idade que se mede pelo grau de consciência de que uma pessoa, como ser humano, está conectado com as fontes espirituais que regem o universo. É tomar consciência de que se é amado e protegido por elas, que é finalmente um servidor dessas fontes espirituais.”

E diz ainda: “Para alcançar este despertar é importantíssimo haver conseguido uma total aceitação das experiências no tempo, quer dizer, não estar em discórdia com o que lhe há sucedido no decorrer da vida – pais, trabalhos, enfermidades, acidentes – e, também, uma sensação de gozo emocional pelo tipo de relações que tenha tido.
A pessoa vai crescendo espiritualmente com as ações concretas que vai desenvolvendo em relação aos outros. Isto quer dizer que a idade espiritual se mede pelo grau de serviço que alguém presta aos demais seres humanos. Os sêres com idade espiritual avançada se ocupam em servir aos demais.
A espiritualidade tem a ver com o amor, com a entrega. Não é nem mais nem menos que o verdadeiro conhecimento de si mesmo e o estar a serviço dos outros.”

Pois sim…tive a sorte de conhecer e relacionar-me com algumas pessoas que têm uma idade avançada nesse sentido, apesar de serem, algumas, mais jovens do que eu. Uma delas foi um dos meus anjos durante a cura de minha depressão. Ela ensinou-me muito e abriu-me um novo horizonte nesta dimensão do meu crescimento pessoal.
Acho que depois disso eu envelheci algumas décadas e foi o melhor que poderia acontecer-me antes de cumprir os 50 anos. Assim, creio que ainda tenho muito tempo para crescer e ajudar outros a crescerem, amar e ser amada, servir, ser útil, ser feliz, fazer feliz aos que me cercam… e gozar cada segundo da vida que me reste.
Muita vida, espero!
Perguntaram a Buda
O que mais o surpreende na Humanidade?
Compenetrado, o sábio respondeu:
Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro e depois perdem o dinheiro para recuperarem a saúde. Por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem o presente de tal forma que acabam por nem viver no presente nem no futuro. Vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se nunca tivessem vivido.

Categorias: Corpo&Alma de Mulher, Pensando Alto | Tags: , | 41 Comentários

Um Toque Gitano…


Estou enamorada pelo Flamenco. Outra vez.
A primeira foi pela guitarra de Paco de Lucía. A segunda pela música de Manuel de Falla. A terceira pela de Vicente Amigo.
E, pelo que vejo, vou enamorar-me ainda muitas vezes.
Tomara. Este estado me encanta porque fico totalmente voltada para o objeto de minha paixão.

Estou já na quarta vez.
E o motivo é o filme de Jaime Chávarri sobre um dos mais famosos cantores de Flamenco da Espanha, Camarón de la Isla.
Adorei.
O Flamenco é uma mescla do canto andaluz, lá pelos idos do século XV, de grande influência árabe, com os ritmos trazidos pelos ciganos. Por aqueles tempos a música era cantada “a cappela”, acompanhada apenas por palmas. Só muito depois entraram as danças, as guitarras e os sapateados.
A historia do flamenco é linda. Não tinha qualquer ideia das muitas variações de estilo que possui. Nem me atrevo a escrever sobre elas, pois ainda estou aprendendo, pouco a pouco, a entendê-las.
Assistir o filme me animou a escutar mais, ler e perguntar mais… e o mais importante, a gostar muitíssimo mais!

Camarón foi um duende do Flamenco.
É considerado até hoje uma das mais extraordinárias figuras artísticas da Espanha e desse estilo musical.
Ele inovou tanto na forma de cantar quanto nos acompanhamentos que intruduziu em suas apresentações e gravações, junto com os guitarristas Paco de Lucía e Tomatito, incorporando instrumentos como a flauta, o piano, as caixas acústicas.
Sua presença no tablado impressionava a audiência e ele conquistou o respeito internacional dos aficionados ao Flamenco. Inclusive foi convidado a gravar com a Orquestra Filarmônica de Londres, um fato inusitado para um músico gitano.

O filme é uma biografia em ficção de sua vida e sua arte, com um ator – Óscar Jaenada – especialmente iluminado para o papel.
Segundo os que conheciam Camarón ( sua mulher, filhos e amigos próximos ) ele está perfeito para o papel e quando abre a boca para o canto em playback, parece ressuscitar o amigo, o pai, o marido.
Se eu me emocionei, imagino eles!

Categorias: Baú de Cultura, Cicatrizes da Mirada, Filmes, Música | Tags: , , | 18 Comentários