Pois é. Através da Beth Salgueiro vim parar aqui, na Central do Textão.
Na verdade, eu adoro textão.
Desde as épocas mais remotas de minha vida, eu gostava de escrever. Tinha cadernos “secretos”, escrevia cartas enormes para primas e amigas, escrevia resenhas sobre os filmes que via, sobre as músicas que gostava. Colava imagens recortadas das revistas nas páginas destes cadernos e me inspirava a escrever ou buscar uma poesia que “combinasse” com ela.
Foi uma maravilha descobrir o mundo dos blogs, em 2003, enquanto vivia em Santorcaz, um pequeníssimo povoado pendurado em um monte perto de Madrid. Dali eu escrevia para o mundo. Escrevi durante sete anos.
O que começou como uma forma de mostrar à familia e amigos a nova experiência que eu vivia se transformou numa forma muito mais ampla de comunicação, onde pessoas desconhecidas, espalhadas pelos continentes, entravam na página e deixavam comentários maravilhosos. Comecei a construir uma rede de amigos blogueiros e trocar impressões com eles. Aliás, Impressões foi o primeiro nome do blog. Depois, com o tempo, ele foi se transformando no Cicatrizes da Mirada porque esse título era uma forma poética de dizer o que eu estava aprendendo sobre a cultura espanhola, sua arquitetura, história, gastronomia. Foi bárbaro!
Muita água rolou. O blog desapareceu duas ou três vezes. E graças a um amigo blogueiro do Brasil, que tinha muitos dos meus posts copiados em seu computador, pude recupera-los. Ele me mandou por correio em um CD. Uma maravilha! E hoje o Cicatrizes da Mirada é uma categoria do Língua de Mariposa.
Este segundo blog nasceu com a minha necessidade de conversar com minhas saudades, minhas memórias guardadas da infância e juventude. Mais intimista e pessoal, ele foi ganhando espaço. O Língua tem de tudo. Histórias sobre mim e minha gente, receitas, filmes, videos, poesias. Ele é como meu caderno secreto. Inclusive, em seu início ele era negro com letras brancas, como se eu realmente escrevesse no escuro do meu quarto.
Este tambem passou por muitas vicissitudes, mudou de portal, de cores, perdeu fotos e comentários, mas sobreviveu quase intacto em seus textos.
Tentei muitas vezes recomeça-lo sem êxito. Até que me apareceu a Central do Textão. Um lugar que acolhe muitos daqueles blogueiros da minha época. Um lugar para passear entre amigos. É como passear numa praça de cidadezinha, onde a gente reconhece antigos colegas do instituto, quando quase todos estavamos aprendendo essa nova forma de comunicação e registro dos proprios pensamentos.
Os Textãos ainda tem seu charme. Seu apelo.
Espero que desta vez eu realmente me sente aqui, no quarto azul das borboletas, com vontade de conversar.
Muito obrigada por ter sido aceita.