Arquivo do mês: julho 2005

Mais Uma Mudança…

Eu e minhas muitas mudanças!
Até parece que elas acontecem apenas para dar um toque de balanço nessa vida de jardineira que tenho levado.
A partir de agora vou manter um único blog. Este.
O Cicatrizes da Mirada está perto de ficar sem espaço e em breve vai começar a perder os arquivos.
O Síndico da comunidade Verbeat, o Gejfin, ofereceu-se para trazer os arquivos para o Língua de Mariposa, mas já cansei de republicar posts atrasados nos muitos blogs que já perdi pelos caminhos da blogosfera.
Assim, decidi o seguinte: vou começar a escrever os novos posts sobre a Espanha aqui. Criarei um categoria para eles. E, para não perder tudo o que já publiquei, estou fazendo um back up dos antigos posts num blogspot, já que agora se pode postar fotos com tranqulidade.
Bueno… é isso. Por enquanto.
A maioria dos amigos que frequenta o Cicatrizes da Mirada já leu e releu os posts passados, assim que vou deixar aí ao lado o link do endereço novo, apenas para podermos acessar algum arquivo sobre as muitas cidades espanholas que já visitei.
Espero que a partir de hoje, eu possa atualizar com mais frequência esse blog e dinamizá-lo mais.E vou também ter mais tempo para visitar os maravilhosos blogs da “listinha” ao lado!
Vai ser mais cômodo para mim e acho que também para vocês!

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Porque Queria Não Pensar…

Não sei fazer crochê. Nem tricot.
Uma pena, pois se soubesse poderia usar um dos métodos femininos mais antigos para meditar.
Primeiro escolheria o molde, depois decidiria a cor e sairia para comprar linhas ou lãs, quem sabe novas agulhas. Abriria a cesta de vime perfumada de alecrim e mergulharia a alma no universo zen. Esqueceria tudo sem precisar esquecer nada. Seria como um provisório afastar-me do pensar, enquanto os dedos ágeis trançassem o fio em desenhos mágicos…
Bela e sábia forma de meditar!

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Eu Sou Out…

Não sou muito chegada a revistas de moda. Acho que nunca comprei uma!
Claro que já tive oportunidade de folhear muitas nas salas de espera de dentistas, médicos, nas impossíveis esperas dos cabeleireiros ou em casas de amigas.
Já faz muito tempo que me decidi pela moda confortável e simples. E nunca fui muito adepta à maquilagem. Um batom claro nos lábios e um lápis preto nos olhos. Já está!
Desde muito jovem, as roupas de jeans e os tecidos leves foram sempre meus preferidos. Muito algodão nas saias amplas, camisetas e vestidos indianos.
Até meu vestido de noiva foi de linho crú ! Um conforto para o clima quente e úmido de Recife. E para o bolso também!
Mas eu sou out.
As revistas me dizem isso uma e outra vez. A quantidade de dicas para – maquilar-se, pentear-se, cuidar da pele, tornozelos, cotovelos, para vestir-se como manda o figurino e as cores do momento – são imensas! Cada beldade, cada famoso(a) nos diz o que comprar, como estar in e como não estar out.
Os produtos são de marcas importantes e conhecidas, apresentados com seus preços , na maioria das vezes exorbitantes para o bolso de uma criatura de classe média.
As revistas parecem estar programadas para as mulheres com gordas contas bancárias. As outras, isto é, a maioria das outras, sofram o Complexo de Cinderela ou contraiam dívidas incalculáveis no cartão de crédito.Se tiver um.
E quase todas têm pelo menos UM.
As lojas de preços módicos existem, claro. Mas só para as delgadas e jovens.
As outras, mulheres de magras carteiras e tamanho extra, que morram no limbo da globalização da imagem-sílfide da moda atual.
Por sinal que penteado sexy, não? E, pelo amor de Deus, quanto pesa essa criatura???
Mas nem vou deter-me nesse ponto, pois já escrevi dois posts protestando pelo limbo em que estão as mulheres extra-large do século XXI.Aqui e aqui.
Agora, realmente não resisti ao chamado da página dessa revista, suplemento do jornal El Mundo Yo, Dona. E que chega em minha casa a cada santo sábado.
Vou reproduzir aqui alguns dos precinhos das peças apresentadas para um verão europeu IN.

Uma saia estampada com frutas, simplezinha até, que custa a bagatela de 10.905,00 euros! Uma pechincha, não é mesmo?
Isso em reais deve ficar por volta dos R$ 38.167,50. Que tal?
A blusa é uma camiseta de lycra, sem mangas, pois os 42 graus impedem qualquer prenda com mais tecido. E por apenas 526,00 euros. Traduzindo em números brasileiros: R$ 1.841,00.
E para acompanhar a beleza de conjunto de verão fashion, uma bolsinha fofa de 5.265,00 euros. Tão lindinha, dá para guardar um batom e as chaves! Em reais, por baixo, a mulher da moda só vai ter que desembolsar uns míseros R$ 18.427,50 por esta minúscula bolsa assinada por um tal de Roberto Cavalli. Por sinal ele assina também a saia.
Bueno, bueno… Agora só faltam as sandálias, os braceletes e os óculos. Mais uma besteira de 501,00 euros ou simplesmente R$ 1.753,50.
Total: uma indumentária graciosa para sair de copas e tapas pelas Ramblas do planeta por reles 17.201,00 euros.
Heim!?
Querem que eu converta isso em números brasileiros?
Pois sim… toda essa beleza e charme custaria-nos apenas uns R$60.203,50.
Ho ho ho…
Mas não se impressionem. A revista oferece uma opção ao lado com preços deveras mais baratos. Tudo por apenas 313,00 euros. Ou seja, R$ 1.095,00.
Sinceramente, eu não vejo a enorme diferença de “glamour” entre as duas ofertas!
Talvez por não entender muito de moda. Talvez por não ter a carteira recheada de algumas… ou quem sabe seja apenas porque não me importa em absoluto o nome da criatura que desenhou cada prenda e que só por causa disso o preço dispara feito uma bala.
Esses(as) sujeitinhos (as) que ditam o que a gente deve comprar para ser IN nunca vão conseguir pegar-me nesse conto do vigário. Mesmo que eu pudesse e o meu dinheiro desse.
É imoral.
Meu dinheiro é muitíssimo mais valorizado que seus nomes bordados nas etiquetas minúsculas de suas “algemas sociais”.
Eu faço questão de ser OUT.

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Meu Irmão Sol… E por falar em sereias e baleias.( Ele sempre me ajuda a pensar!)

Meu irmão tem um blog. Chama-se Pirata da Rua.
Apesar de ser um blogueiro inconstante, escrevendo só de vez em quando, pese os pedidos insistentes de seus leitores para que atualize a página com mais frequência, adoro seus posts.
Sérgio tem sensibilidade e inteligência agudas. E uma memória impressionante. Desde criança adorava os livros, as enciclopédias, as revistas, os gibis…tudo que tivesse letras. De poesia à ficção científica comia os livros como um cupim.
O que mais me causava admiração era a sua capacidade para repetir frases inteiras do que tinha lido. Para ser muito honesta, eu morria de inveja!
Seu senso de humor também é invejável. Sabe uma quantidade tal de piadas que a gente pode passar a noite inteira escutando e rindo. Minhas melhores noitadas com ele me deixavam com a cara doendo de tanto rir. E poucos sabem dizer um palavrão como ele.
Pode dizer os nomes mais “escabrosos” enquanto conta uma história e absolutamente ninguém sente desconforto. Das tias-museus aos sobrinhos adolescentes, todos riem.
Ele sempre soube levar sua vida de uma forma positiva, otimista, bem humorada. Mesmo nos momentos difíceis, dava um jeitinho de fazer uma graça.
Mas agora Sérgio está triste. Cabisbaixo e decepcionado com o Brasil e o tsunami de lama que invade todas as casas do país. Desesperançado, angustiado e muito, muito triste!
Acho que está precisando de nossa companhia.
Ele escreveu um post muito bom esta semana. Não deixem de conferir.
………………………………..
Aproveitei-me da intimidade e roubei um texto que ele publicou há meses atrás. Porque a semana passada li vários posts sobre mulheres, homens, idéias e preconceitos entre os sexos. Pretendo escrever um pouco sobre isso a seguir.
Mas vou começar com esse aí, que eu achei Ó-TE-MO!
Para As Gordinhas…
Uma amiga, sabendo que admiro curvas femininas generosas, mandou este texto que achei engraçadinho. Não sei quem é a autora, nem ela, mas vou publicar mesmo assim.
Estou em período de seca. Um dia isso passa.
“Ontem vi um outdoor da Runner, com a foto de uma moça escultural de biquíni e a frase:
– Neste verão, qual você quer ser? Sereia ou Baleia?
– Respondo:
Baleias sempre estão cercadas de amigos. Baleias têm vida sexual ativa, engravidam e têm filhotinhos fofos.
Baleias amamentam. Baleias nadam por aí,cortando os mares e conhecendo lugares legais como as banquisas de gelo da Antártida e os recifes de coral da Polinésia.
Baleias têm amigos golfinhos. Baleias comem camarão toda hora. Baleias esguicham água e brincam muito. Baleias cantam muito bem e têm até CDs gravados.
Baleias são enormes, tem lindos rabos e quase não têm predadores naturais. Baleias são bem resolvidas, lindas e amadas.
Sereias não existem.
Se existissem viveriam em terrível crise existencial: sou um peixe ou um ser humano?
Raramente fariam sexo, pois matam os homens que se encantam com sua beleza.
São lindas, mas tristes e sempre solitárias…
Runner, querida, apesar das camadinhas de gordura, prefiro ser baleia!
Acho que é melhor uma baleia na cama que uma sereia nas páginas da Playboy.”

Ahahahha… Não sei vocês, mas eu concordo com a moça.

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Para Pensar…

“Um dia a velha pianista abriu a janela e viu uma menina sentada na varanda do vizinho.
– Como vai, garotinha?
Como já não enxergava muito bem, a velha pianista catou na gaveta da escrivaninha seus óculos de aro de metal e os ajeitou sobre o nariz.
Não havia nenhuma menina na varanda. Apenas a escultura de um anjo, em cima de uma mesa.
Mais do que depressa, a velha pianista devolveu os óculos para a gaveta e abriu um pequeno sorriso:
– Que dia frio, hem, garotinha? Parece que esse ano o inverno vai ser bravo…”
(A Menina da Varanda – Léo Cunha)

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Anjo de Si Mesmo…( Falando de Depressão)

Eu olhava no espelho e via outra mulher. Na verdade não era outra, mas também não era a mesma. Não era mais aquela da foto que estava pregada na porta da geladeira, com um brilho inocente no olhar e o sorriso auto suficiente de mulher independente e bem resolvida.
E apenas um ano me separava dela!
Também não era mais aquela rota e amarrotada criatura que vivia sem viver, com olhar embrumado e olheiras profundas, oca de alegria, murcha de energia, emudecida pela total falta de ganas de expressar em palavras qualquer sentido para a vida.
Agora, dia após dia, o que via no espelho era uma mulher que começava a experimentar uma nova forma de ver o mundo e de relacionar-se com ele. Agora os olhos no espelho eram mansos, doces, condescendentes. Parecia-me que era mais humana, mais real e verdadeira com meus sentimentos, meus sonhos, meus desejos.
Uma das transformações que percebi em mim foi que eu não corria mais atrás do tempo, andava mais lentamente, fazia as coisas mais simples ou mais complexas com mais intensidade e consciência, quero dizer, não mecanicamente como antes de adoecer, nem com tanta tensão.
Deixei de explorar-me e passei a realizar com calma e tranquilidade aquilo que o dia e minhas forças me permitiam.
Não mais assumia mil e uma responsabilidades, nem compromissos com prazos impossíveis ou metas inalcançáveis.
Deixei de ser escrava de minha auto-crítica e de meu perfeccionismo.
Permiti-me ser também o anjo de mim mesma.
Exigia menos de mim e então descobria que o dia era mais produtivo e saboroso.
Descobri naqueles nove meses de tratamento que precisar não diminui ninguém, muito ao contrário. Ajuda a crescer. Precisar é uma aula de humildade.
Clarice Lispector disse que “a solidão é não precisar”. E que “não precisar deixa um homem muito só, todo só.”
Para mim é a mais pura verdade.
Não só aceitei a ajuda desinteressada daqueles que me deram apoio sem que eu o pedisse formalmente, como também aprendi a pedir.
Saber receber é uma virtude. Nem todos sabem. Os muito independentes e auto suficientes não sabem receber. Sentem-se até mesmo ofendidos quando alguém tenta ajudá-los.
E saber pedir?
Ah… isso é uma violência para os solitários.
Além de acreditar que “não precisam”, quando descobrem que isso é falso, trocam de crença para “não quero incomodar ninguém com meus problemas!”
Mas é lindo aprender a pedir. Difícil, mas lindo.
Pedi companhia, pedi paciência, pedi colaboração… pedi o que achava que precisava.
Nem sempre fui atendida, é verdade. Algumas pessoas, inclusive dentro de minha própria família, simplesmente não compreenderam nunca o que estava se passando comigo. E justamente porque era comigo.
A rota e amarrotada criatura não combinava com a imagem que sempre tiveram de mim e talvez por isso nunca conseguiram vê-la… Continuavam vendo-me como lhes parecia que eu era. Acreditavam que a melhor “ajuda” era não admitir minha doença, minha mudança, minhas novas e, para eles, inacreditáveis necessidades.
Alguns chegaram ao ponto de criticar a medicação dizendo que eu não estava louca e só quem estava doido precisava desses remédios.
Acabei entendendo que eles também não tinham culpa disso.
Paguei todos os preços pela desorganização em que havia transformado a minha vida. Para acertar todas as dívidas, tive que fazer muitas mudanças, desfazer-me de muitas coisas, desprender-me de algumas pessoas e aproximar-me mais de outras.
Recebi muitíssima ajuda nesses momentos e finalmente entendi que saber receber também é dar. Porque a gente está devolvendo amor, confiança, respeito. E isso também faz feliz aos nossos anjos.
Tomei algumas decisões muito importantes naqueles meses: preservar-me mais do stress do “mundo moderno”, escolher melhor as pessoas com quem trocar afeto, retomar meus sonhos mais profundos, cuidar mais de mim aceitando e respeitando minhas limitações, não correr atrás de um futuro idealizado, nem pessoal nem profissional mas, “passo à passo”, ir construindo um presente mais saudável, mais tranquilo e feliz.
Aproveito a oportunidade para dizer às pessoas que sofrem algum tipo de depressão que tirem suas máscaras e peçam ajuda, ou apenas aceitem que seus anjos se aproximem. Eles estão aí por perto…
Não se escondam mais… não lutem sozinhos. Não tenham vergonha de assumir seriamente um tratamento para não serem taxados de “maluquinhos”, “pobrezinhos”, “coitadinhos”. O sofrimento crônico de adiar uma decisão de curar-se não vale a pena.
Não me envergonho de contar o que passei porque considero que, apesar de terrível, foi uma imensa aprendizagem. Renasci melhor. E não sou eu apenas que pensa assim.
Também a experiência de perder a Princesa, minha mãe, vítima da Síndrome de Alzheimer, apenas dois anos depois, mostrou-me muito cruamente e cruelmente que valores são realmente importantes na vida: a saúde mental e física, a paz de espírito e o amor.
O resto é resto.
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Ps: Espero ter respondido com este post os maravilhosos comentários que recebi nos anteriores. E, talvez, ter ajudado alguns a encontrar um fio de luz dentro de suas penumbras.

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