Posts Marcados Com: galicia

A Ria de Vigo…um colírio!


Às vezes a semana nos dá de presente uma vista assim.
Quem dera fosse mais frequente.
O casamento de um amigo nos levou à Galícia.
O ganho extra foi aproveitar, por dois dias, o verde perfumado dos montes, as rias que se podem ver desde a estrada como se fossem dedos marítimos que penetram a terra galega levando os frutos do mar até a porta dos habitantes.
Além do mais, poder provar a comida saborosa e escutar o sotaque gostoso dos galegos.
A gente volta renovada… pena que é tão longe e não se possa ir sempre e sempre!
Eu adoro Madrid… mas sinto uma falta do mar!

Categorias: Cicatrizes da Mirada, Curtinhas | Tags: , , | 4 Comentários

Outra Vez em Galicia…

Esta foto é a vista aérea de Ferrol. Dizem que lá chove… e muito.
Eu sei, eu sei. Mas a Galícia é tão espetacular em seus verdes e azuis que fiquei com vontade de plantar a tenda do futuro naquelas paragens. Juro.

É tudo tão lindo!
Por toda a costa ocidental da Espanha o mar brinca de apaixonado e avança para dentro da terra como se seus largos dedos molhados quisessem abraçar as curvas da dama desejada e acariciá-las com seu tato frio…
E ela, feliz, se deixa tomar pelo abraço e ri alto através dos gritos das gaivotas, pede aos ventos que soprem brisas úmidas por sobre os campos e cidades e desenha coisas bonitas no horizonte com a cumplicidade do sol. Juntos eles criam cantos e recantos espetaculares, montes e praias de todas as cores e formas, calhas, ilhas, estreitos e discretos esconderijos onde se pode navegar, pescar, pensar, meditar, tomar o sol, namorar…

Por toda parte da costa atlântica e das Rias Gallegas (os dedos molhados do mar se chamam assim) multiplicam-se os pueblos de lindas casas de pedra e vidro, como estas de Mugardos, algumas com suas parcelas de terra cultivada em ricas hortas, vinhedos, fruteiras. Além disso há centenas de pequenos portos e milhares de barcos pesqueiros de todos os tamanhos e cores, como numa impressionante exposição de aquarelas antigas.
Recordei o meu avô, pai do Lorde, que pintava um quadro atrás do outro, sempre com o motivo da pesca, dos marinheiros e pescadores de antigas paisagens do Janga, sabendo, é claro, que as Rias Galegas não tem nada a ver com a larga praia da minha infância.
Mas os elos da cadeia inconsciente não respeitam essas barreiras e trazem – junto com as cores alegres dos barcos pesqueiros e os cheiros de conchas, algas e sal gallegos – as imagens felizes de meus quatro ou cinco anos, na praia pernambucana. E eu gosto disso…

A amiga que estava comigo disse que era melhor não fantasiar baseada nas poucas experiências que eu tive nas terras do noroeste espanhol, porque quando o céu desaba – e ele sempre desaba! – passa o ano inteiro caindo justamente ali. Que pena!
Da chuva eu gosto muito, mas não suportaria viver sob ela por meses e meses seguidos, sem previsão de mudança duradoura.
Sim, eu adoro as semanas que precedem o Outono, quando a chuva cai caudalosa e intempestiva sobre meus campos e perfuma a terra, lava as árvores e enche os córregos de felizes ruídos.
Adoro sair para caminhar sentindo o sabor da clorofila na boca…mas se ela perdura, perdura e perdura, com o tempo vou me aninhando, ficando triste, lenta, cinza, espectral.
Preciso do azul do céu, da luz amarela sobre as copas das árvores, da magia do arco íris despedindo-a e trazendo de volta o brilho do sol.
Agradeço todo santo dia a sorte que tive ao vir viver justamente em Madrid, onde até no Inverno o céu é alegre e brilhante, com tons de azul absolutamente incríveis.
Pois sim… em Galícia chove demais. E quase sempre o ano inteiro.
Dizem que eu tive muita sorte nas três ou quatro vezes vezes que estive ali, pois São Pedro estava de férias e deixou algum anjo desavisado em seu lugar. Resultado: chovia em toda a Espanha, menos na Galicia. Bárbaro!
Desta vez estive ainda mais agradecida do despistado anjo porque o meu programa incluía uma navegação à vela com o meu Lobo do Mar.

Hum! Que delícia de dia.
Brisa forte, mar gelado – a gente se acostuma com tudo nessa vida! – um barco diferente do que havíamos imaginado, mas afinal um dia muito gostoso.
Descobri uma habilidade que não conhecia (sei dar rumo ao barco) e desmistifiquei o medo de enjoar. Passei muito bem, obrigada, apesar de saber que as condições de vento e de mar eram muito favoráveis e não havia motivo algum para marear-me. De qualquer forma serviu para garantir, num futuro próximo, a realização daquela fantasia tantas vezes escrita nas longas cartas apaixonadas que trocávamos anos atrás: Navegar juntos e sozinhos por algum lugar deste planeta.
Da Galícia eu trouxe lindas imagens guardadas na câmara e na memória, na boca um gosto de maresia e no coração um desejo de talvez.
Quem sabe em algum momento da vida eu passe lá uma estação inteira e não apenas uns poucos dias de férias.

É preciso apostar nos sonhos para que eles se realizem.
E escrevê-los sempre me ajudou bastante. Por isso estou aqui, de volta ao meu pequeno pedaço de universo virtual, tão abandonadinho, coitado! para tentar, mais uma vez, retomar meu prazer de escrever. Desta vez a ausência tem o nome de inferno astral… hohoho!
É verdade que eu já perdi as contas das vezes que pedi desculpas aos meus visitantes (me encanta que ainda venham aqui!) e prometi melhorar minha constância, mas cada vez tenho menos paciência com minhas impossibilidades tecnológicas. Assim que eu sou muito consciente que esse perdão eu nem mereço.
Enfim… deixemos para lá esse repetitivo assunto de minhas prolongadas ausências e voltemos à Galícia.

Estive em Marin, hospedada na casa de um amigo. A vista é simplesmente encantadora, a casa confortável e acolhedora, mas pouco permanecemos aí porque o que nos rodeia possui tal força atrativa que passamos os dias enfeitiçados entre um pueblo e outro, uma cidade e outra, visitando praias e antigas fortalezas, exprimentando mariscos e crustáceos estranhíssimos e saborosíssimos (dedicarei um post a eles)…
Como eu não escrevi sobre a minhas anteriores visitas, vou tentar resumir num único relato e talvez caibam em dois ou três posts as deliciosas descobertas que fiz dessa linda região espanhola. Vou começar por uma receita de polvo…hummm!
Sim?
Ps: Estou estreando o upgrade da Verbeat e ainda não estou muito bem com a configuração, as novas possibilidades, etc…
Mais dificuldades para mim, aprender tudo de novo! Uff!

Categorias: Cicatrizes da Mirada | Tags: , | 5 Comentários

Viajar é Preciso!


Volver y contar também é…
Pois então…voltei.
Que maravilha é viajar!
Acho que é um dos mais deliciosos prazeres de minha vida atual, sem sombra de dúvida. Pelo menos dos que posso contar sem ferir a moral e os bons costumes! Ho ho ho!
Nem em meus sonhos mais audaciosos eu imaginei ter um período de “férias” tão prolongado.

Se por um lado sinto falta da vida acadêmica e do trabalho de consultoria, por outro estou curtindo muito a liberdade de poder, num piscar de olhos, fazer a maleta e sair por aí, sem lenço e [literalmente] sem documento, disposta a ver, ouvir, sentir… e fotografar. Quase sem planos definidos de para onde ir e o que fazer de cada dia. Fantástico!
É um privilégio e tenho plena consciência disso. Aproveito ao máximo, pois não tenho a menor ideia de quanto tempo essa folga toda ainda pode durar!
Pois é isso que venho fazendo, sempre que possível, desde que vim viver na Espanha. Muitas dessas viagens fui relatando, pouco a pouco, nos blogs que já tive durante esses quase quatro anos. Gostaria de ser mais rápida e mais constante em meus relatos, mas já desisti de tentar mudar. Eu tenho um ritmo lento mesmo. Pronto.
Meu Mega-Super-Computer-Lentium500 também é osso duro de roer, então ficamos quites. Eu “dou um gelo” nele de vez em quando e vou fazer outras coisas… até recarregar as baterias da paciência e voltar. E sempre ele passa uns tempos mais bem comportado! Acreditem!
Pois voltei. Tenho mil e uma coisas novas para contar e muitas fotos para mostrar.


Estive em lugares simplesmente encantadores durante todo o mês de setembro.
Primeiro fui a Albacete, a convite de um casal de amigos, para conhecer as festas anuais da cidade.
Adorei, claro.
Mas o melhor estava mais escondido e longe da bela festa.

(foto: casseta de viño dulce)
E foi o que descobrimos depois, investindo o tempo nos caminhos tortuosos dos pequenos pueblos repletos de árvores frutíferas, cavernas e grutas pré-históricas, muitas delas adaptadas em bucólicas casas habitadas ao longo do rio Júcar. Pequenos esconderijos de história e de encanto.
Depois, outro convite e outro casal de amigos. ( Ando ganhando uns amigos fantásticos! Escolhidos pelo dedo de Deus, juro! ) Desta vez o convite foi mais misterioso ainda.
Era um presente-surpresa. E não soube para onde iria, até estar à caminho da região de Soria, conhecendo a Espanha mais profunda, visitando seculares fortalezas árabes, castelos, torres e muralhas medievais, comendo em restaurantes minúsculos decorados e servidos pelos próprios donos, conversando longamente com cuidadores de catedrais ou de pequenas igrejas templárias ou ainda antigas e românicas ermitas do século XI.

 

 

 

 

 

 

(foto:Berlanga del Duero)

É inacreditável o que ainda se mantém da punjante história e da arte deste país em cada pequena cidade encrustrada nos montes ou protegida nos vales e margens de rios.

É emocionante descobrir que por trás da próxima curva da estrada pode estar um pequeno grupo de moradores de ancestrais casas de pedra e madeira, cheios de coisas a dizer sobre seu passado e dispostos a construir sobre ele, um futuro.
Muitos desse pueblos estão sendo recuperados procurando mantendo ao máximo suas características medievais. Em muitos deles proliferam as Casas Rurais, pequenos hospedarias e restaurantes de excelente qualidade.
As pessoas estão descobrindo que além de rentáveis negócios ainda ganham um upgrade na qualidade de vida.
Viver num pequeno pueblo, hoje em dia, é uma opção excelente para muitos casais. Saem das grandes cidades e montam seu pequeno negócio longe do stress e do corre-corre das metrópolis. O telefone celular e a Internet, além das excelentes estradas e meios de transporte, diminuem as distâncias e as limitações de viver longe dos grandes centros urbanos.


Ganha a Espanha, certamente. Mas as famílias ganham muito mais. As pessoas dividem espaços reduzidos, onde todos se conhecem. Escolas são ressuscitadas, prefeituras são renovadas e todo o povoado se renova e se enche de VIDA.
Preservando e cuidado de sua história, cultura e arte os espanhóis de todas as regiões estão trazendo um novo tipo de turista ao país. O turista tranquilo, que gosta de cultura. Este vem em qualquer época do ano e não só nos meses de verão e praia.
E isso é o que sustenta e incrementa a indústria turística de um país: O investimento contínuo.
Pois… estou adiantando-me ao post que pretendo escrever para contar um pouco do que vi nessa encantadora viagem. ( foto: Burgo de Osma)
E, para terminar o mês com chave de ouro, estive por 10 dias em Galícia.
A costa noroeste da Espanha é simplesmente deslumbrante! conheci um pouco de Vigo, Pontevedra, A Coruña, Santiago de Compostela, Marim, entre outros pequenos lugares. Lindos!


De cada viagem, de cada lugar, eu trouxe livros e postais, folders, revistas. E muitas fotografias. Estou organizando tudo para poder fazer os posts. ( foto: Rias Baixas-Galícia)
Hoje foi o primeiro dia que pude sentar aqui para tratar as fotos e complementar as informações da minha cadernetinha azul. Por sinal, cada vez que escrevo nela recordo o livro de Paul Auster que estou lendo – A Noite do Oráculo – onde ele descreve o belo caderno azul onde o seu personagem tenta escrever uma novela. E cada dia mais me convenço que deveria deixar de preguiça (e de medo) e tentar mesmo, a sério, escrever esse livro de viagens que vocês tanto dizem que sou capaz. Um dia eu vou e acredito! Tenho mais medo que preguiça, admito.

Como nem tudo são flores na vida de ninguém, as aranhas adoram quando viajo e fazem a festa. Enfeitam todos os cantinhos com suas teias. Sempre.
Viver no campo tem esse lado detestável: Aaaaranhaaaassss!
Ainda bem que não tenho baratas, que aí sim, seria uma Questão de Estado. Mas, de qualquer forma, estive gastando boa parte dos meus dias tentando deixar a casa habitável outra vez.
Além do mais… lá fora os dias continuam lindos e muito agradáveis. O calor acabou.
O outono é uma linda estação e eu preciso fazer exercícios aeróbicos para gastar tudo o que comi. A gastronomia espanhola, mais uma vez, botou a perder as minhas – já fracas – tentativas de perder peso.( Guardei também as fotos das iguarias e algumas das receitas. Aguardem-me! )
Bueno, valeu a pena. Pelo menos eu não ganhei nenhum quilo a mais do que já tinha.

Trouxe exatamente TODOS os que levei!

Uff!

Categorias: Cicatrizes da Mirada | Tags: , , , , | 13 Comentários