Um ano, um vírus.

Pois é….
2020 não veio brincar de “vamos ver quem aguenta mais sem respirar”…
Ele já começou roubando no jogo. Mudando as regras, criando atalhos, mudando hábitos e ilusões, prendendo a gente em casa, sem beijos nem abraços dos mais queridos, sem poder sequer ver os filhos e netos.

Eu, que não gostei jamais dessa brincadeira de ficar sem respirar, fiquei no modo “devagarzinho” para sobreviver da melhor maneira.
Da minha janela vi o mundo inteiro adoecendo e muitos morrendo, as cidades vazias, as ruas desertas, as portas fechadas, as janelas guardando histórias e medos.

Fui murchando. Fui secando…

Pouco a pouco…

Numa ultima tentativa, a cada manhã eu me via prendendo a respiração e sonhando em driblar o bicho, viajar na surdina, aterrisar na cozinha do Mexico, tomar café da manhã com meus curumins…

Ele não deixou. Ele ainda não deixou. Quando viu que eu chegava mais perto de realizar meu plano, começou mais forte e mais virulento, de novo a matar e prender…

Estou respirando devagarzinho… sobrevivendo. E agradecendo, porque tem um bocado de gente que não está conseguindo.

Tenho agora o privilegio de estar entre dois mares, num povoado pequeno, esperando a vacina chegar.

Nesse cantinho, ao sul da Espanha, meu coração se expande para abraçar a todos os que estão sofrendo e lutando para superar os medos, as dores, as perdas…

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